domingo, 28 de fevereiro de 2010

CAMPESTRE, MG

Passei uma semana em minha cidade natal, Campestre, no sul de Minas Gerais, peregrinando em busca de patrocínio para o meu filme "Proteção". Caso consiga levantar o orçamento por lá, vou adaptar o roteiro para produção na cidade. No geral, a recepção foi bastante positiva e me parece que será possível levantar os recursos por lá. Talvez tenha que expandir a área de atuação para as cidades vizinhas, mas de qualquer maneira será um grande prazer trabalhar na cidade em que nasci e de que gosto tanto.
Ninguém é obrigado a conhecer as leis de incentivo à cultura que existem no Brasil e é meu trabalho esclarecer as pessoas a respeito, se quero que elas me ajudem neste caminho. O importante é que todos saibam que os projetos inscritos nas leis de incentivo, no meu caso a Lei do Audiovisual, são acompanhados muito de perto pelo Ancine - Agência Nacional de Cinema. E isto por uma razão muito simples: o governo está abrindo mão de receber impostos para que o patrocinador apoie projetos culturais. E todos sabemos que governo nenhum gosta de perder impostos. É por esta razão que a Ancine monitora tudo para ter certeza de que os recursos são/serão mesmo aplicados no projeto aprovado.
O trabalho continua e o caminho será árduo. Mas ninguém nunca disse que seria fácil, né?

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

POR QUE?

Por que escrever? Por que filmar? Por que pintar? Por que encenar? Por que fotografar?
Talvez não haja uma única resposta. Talvez nem mesmo haja resposta alguma. Falando exclusivamente por mim, acho que é por uma necessidade urgente de dizer alguma coisa, de alguma maneira, por alguma razão, uma inquietude que às vezes chega a doer. Já estive perto muitas vezes de desistir de tudo, como estive agora há pouco, como estarei daqui a alguns dias, mas é uma sensação que logo passa. Quando você sabe que vale a pena continuar? Acho que não sei, acho que é quando leio as coisas que escrevo e gosto delas, acho que é quando olho pra trás e vejo que andei alguns passos em relação a um quase nada anterior. 
Por que toda esta conversa? Porque é tudo muito, muito difícil.
Eu me lembro de uma vez, num evento na Fuji, quando um especialista-estudioso-entendido-ditador-de-regras do cinema disse "se você não tem dinheiro então não pode fazer cinema." Ele foi pragmático, objetivo, na linha "assim é o mundo". Um cara desses pode matar um iniciante, mas não se esse iniciante for um sonhador profissional. E encardido, como se diz na minha terra, aquele cara que só se entrega quando ouvir o punhadinho de terra batendo na tampa do seu caixão. Então eu sigo, batendo de porta em porta, fazendo-me de cego aos sorrisos e frases de descrença "então você é cineasta", algo como "quem você pensa que é? Godard?" Todo pseudo-conhecedor de cinema gosta de citar Godard sem nunca ter visto nada dele.
Se eu sei escrever bons roteiros? Sei. Se eu sei como contar uma história? Sei. Se eu sei montar e desmontar uma câmera e falar de canais de áudio e técnicas de mixagem e bambambam-caixa-de-fósforo (obrigado, João Ubaldo Ribeiro)? Não. Mas eu sei onde pôr a câmera e o que fazer com ela. A câmera é uma caneta que filma. Acho que é isto.